segunda-feira, 19 de abril de 2010

Quem conheceu uma Rainha do Rádio?

Lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado [...] A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual. Essa é uma citação de Eclea Bosi no livro "As Rainhas do Rádio", de Maria Luisa Rinaldi Hupfer (Senac Editoras), que, para mim, resume o trabalho de "arqueologia cultural" que deu origem à obra.
Após a leitura, não sei porque, foi impossível evitar uma associação da autora com o personagem de duas obras que li recentemente (Anjos e Demônios e O Símbolo Perdido), em que o professor Langdon participa de mil aventuras em busca de pistas e informações para decifrar e compor histórias perdidas. Fiquei imaginando a minha querida amiga fazendo tal arqueologia; tantas idas ao Rio de Janeiro; mil andanças pelos arquivos das editoras de revistas da época, de papel e em punho, copiando, copiando e copiando, sem os recursos das copiadoras e maravilhas digitais de hoje.
Verdadeira arqueologia, "cavando" com as próprias mãos (terá usado luvas?), escolhendo pontos de interesse, juntando cacos de um mosaico que, no final, resultaria em sua grande tese. Por sorte, virou livro.
Ao longo de 185 páginas, a história do rádio como indústria cultural nos é contada passo-a-passo, mesclada com o nascimento da propaganda (sabia que Noel Rosa e Braguinha foram redatores publicitários?). O pano de fundo de tudo isso foram os concursos de Rainha do Rádio, responsáveis pela popularização do meio e pela criação de tantos ídolos da música popular.
Em algum ponto do livro, você vai saber quem deu o apelido "Sapoti" à cantora Angela Maria, e conhecer, principalmente, a trajetória de Emilinha Borba, precursora da cantora-atriz-garota propaganda, que intuitivamente usou e abusou do "merchandising".
Depois da página 187, delicie-se com a leitura das entrevistas que fez com algumas das Rainhas. Leia e recomende. Ah! Em resposta à pergunta do título, respondo sim. Conheci Emilinha em Miami, tirei foto ao lado, pediu-me que lhe enviasse cópia, muito simpática. Naquela época, que pena, não imaginava que estava ao lado de uma rainha.

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