Acompanhar um evento de implosão pode ser um bom exercício de reportagem, e até para tirar a ferrugem profissional, além de render boas imagens, é claro. Mas, enquanto circulava por entre a multidão, deixei os ouvidos abertos a tudo. Foi engraçado e ao mesmo tempo instigante, pois o amontado de meias conversas, opiniões e críticas poderiam render boas crônicas, para quem tem a verve adequada.
Numa esquina, um homem bradava sobre os centavos reais que sairão do bolso de cada cidadão, para o pagamento de tantos explosivos e da famosa empresa que implodiu o carandiru. Ninguém lhe dava atenção, por estar embriagado, mas nada do que dizia eram inverdades. Do outro lado, um morador de rua, aparentando ter tomado umas e outras, com um viralata no colo, reclamava de sua impossibilidade de retornar à casa, e poder matar a sede de seu cão. Isso é um crime ambiental (sic), protestava. E havia aquele guarda municipal que, sem sucesso na contenção dos mais espertos, consolava-se reclamando com seus botões: que paízinho, héim. Ao meu lado, alguém respondia aos próprios botões: Será que ele é de Dubai? Enquanto isso, cada especialista tinha uma explicação para a quase implosão: é assim mesmo, tudo tem que cair para dentro do vão. Depois de feito, qualquer explicação serve. Afinal, ninguém sabe como deveria ser. Agora, por 40 dias (prazo de limpeza do local), vai render muita conversa nas cercanias. Logo, ninguém se lembrará da velha rodoviária, aquela que por si só já produzia suas próprias crônicas. Mas isso já é outro assunto.
Olá, Heleno,
ResponderExcluirParabéns pelo blog! Gostei do conteúdo e do visual; o Radhamés barbudo da foto impõe respeito!
É uma excelente iniciativa. Alimente bem essa sua veia de cronista, pois você reúne as condições necessárias para tal.
O blog já foi "favoritado".
Abraços,
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Ivan Ricarte
Agradeço o incentivo, Ivan. Vamos insistir e buscar o merecimento pelo "fardão". Tenho tempo para aprender e atingir a faixa etária da academia.
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