terça-feira, 3 de abril de 2012

Na mostra de arte chapeleira, a fábrica é reencontrada

No último domingo, 1º de abril, estive na Mostra de Arte Chapeleira na Fábrica de Chapéus Cury, em Campinas, motivado pela chamada que vi na tv. No local, descobri que a presença de tanta gente foi estimulada também pelo rádio e jornal. Entre o público, funcionários e ex-funcionários chapeleiros, parentes, curiosos. Muitos, com o mesmo pensamento que eu, querendo conhecer a história e registrar um pouco da atmosfera dessa fábrica de 92 anos no coração da cidade.
Como dizia o folder do evento, "esta foi uma iniciativa de artistas que exploraram - em suas obras - alguma dimensão inspirada pela existência dessa fábrica e pela memória de chapeleiros que ali trabalharam ou trabalham." Eles visitaram a Chapéus Cury em diversos momentos dos últimos 30 anos e transformaram suas sensações em cinema, teatro e fotografia (Adrian Cooper, Julia Zakia, Lume Teatro e Fabio Fantazzini)".
Guiados por Sérgio Cury Zakia (88 anos),  o chapeleiro mais antigo da família fundadora e ainda atuante (mais de 70 anos dedicados à arte), nós, visitantes, tivemos a oportunidade de conhecer uma parte do labirinto fabril, percebendo visualmente a história que permanece viva em cada máquina, molde ou ferramenta. Parece-me quase impossível fugir do texto de apresentação, que confirma cada sentido estimulado magicamente durante a caminhada. "Ao passar pela porta de entrada, foi como voltar no tempo, ao início do século." A cada passo, os sentidos aguçados, buscando identificar o cheiro do vapor que dá forma ao pelo e à lã, ou imaginar o ruído das antigas máquinas. Ao longe, era como escutar vozes das várias gerações de artesãos, fluindo pelas mesmas frestas que permitem a saída do vapor e a entrada dos raios de sol. Pelas vidraças, o mundo moderno de fora, com seus modernos edifícios, cada vez mais altos, disputando espaço com a velha chaminé de tijolos que identifica o local da fábrica; lá dentro, a atmosfera de um tempo que não passou. 
E foi nessa atmosfera que tentei registrar algumas imagens dessa famosa fábrica de chapéus, que ganhou ainda mais notoriedade ao ser anunciada como fornecedora do inseparável chapéu de Indiana Jones. Pena que o evento de portas abertas não permitiu a demostração de algumas atividades da arte chapeleira, mas valeu como manifestação artística e contribuição cultural à cidade.


Clique aqui para entrar no álbum:
https://plus.google.com/photos/100582723877226470497/albums/5727026197639553729?authkey=CMCar8-IwLrPhAE

4 comentários:

  1. estive lá pelas suas fotos e pela forma como escreveu até senti cheiro e a nostalgia

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  2. Lugar incrível. Adoraria uma visita com a fábrica a pleno vapor.

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  3. Heleno,acertou na mosca: voltar no tempo!
    Semanas atrás, a Folha publicou o "Fotos Antigas" relativo à Industria e eu comprei, claro, porque queria ver fotos de coisas que estavam na minha memória: posso dizer que convivi muito com fábricas de móveis e me lembro que a fábrica em que meu pai trabalhou como motorista de caminhão, tinha uma máquina a vapor nos fundos da propriedade e a sua energia era distribuída a todas as máquinas da fábrica, por meio de correias.

    As fotos, antigas, me fizeram voltar no tempo e as suas fotos, modernas, me deram a sensação de que existem por aí cápsulas de tempo. A fábrica de chapéus que aparece nas fotos, se tirarmos as pessoas com suas vestimentos e aparências atuais, deve ser a mesma de muitas décadas atrás, como se, por mágica, ela viajasse no tempo só para que você a fotografasse.
    Achei muito legal! Se me permite um palpite (como você vê, estou me saído um tremendo palpiteiro!), explore esses caminhos!
    Abraço, De Marchi

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    Respostas
    1. É isso que as fotos nos proporcionam: uma viagem no tempo. Fique à vontade para palpitar. Abs, meu amigo.

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